Os grupos criminosos costumam ser reflexos de empresas em seus países de origem e nesse aspecto, a decisão do "PCC" de usar os chineses como base econômica não é surpreendente. O "Brasil" já foi a sétima maior economia do mundo e a "China" se tornou o maior destino de exportação do "Brasil" em 2009. Camuflar negócios ilícitos nessas circunstâncias é muito mais fácil. Ainda assim, pensar que o "PCC" começou como uma gangue carcerária de "São Paulo" torna a transformação algo especial. O "PCC" se expandiu por todo o "Brasil" e pelo "Paraguai", o maior produtor de maconha da América do Sul e um dos principais países de trânsito de cocaína. Além disso, o grupo criminoso enviou emissários à "Bolívia" e supostamente forjou laços com a máfia italiana "Ndrangheta" e a milícia islâmica "Hezbollah".
A "China" parece ser o último país na expansão da rede internacional do "PCC", mas o "PCC" está longe de ser a primeira organização criminosa latino-americana com uma conexão chinesa. As autoridades mexicanas apreenderam carregamentos de precursores químicos de metanfetamina originários da "China", enquanto o ferro de minas ilegais controladas pelos "Cavaleiros Templários" mexicanos supostamente abastece os mercados chineses. Na "Colômbia", armas chinesas foram apreendidas do grupo criminoso "Rastrojos" e na "América Central", compradores chineses supostamente facilitam o tráfico de madeira na "Nicarágua" e em "Honduras". Enquanto isso, a "China" está investindo cada vez mais na América Latina, gastando mais de US $ 13 bilhões em investimento estrangeiro direto no "Brasil" em 2010 e supostamente planejando aumentar o investimento em infraestrutura brasileira, laços que podem tornar as negociações ilícitas entre grupos criminosos em ambas as nações muito mais comuns.
No início da década de 1990, havia apenas oito presidiários da capital do estado no presídio de "Taubaté", em "São Paulo". Cercados por presidiários transferidos do interior de "São Paulo" que os consideravam arrogantes, os oito capangas da capital firmaram um pacto de proteção mútua dentro do presídio. Essa foi a origem da gangue "Capitals". As capitais formaram um time de futebol que competiu contra outros times na prisão. Em 31 de agosto de 1993, os prisioneiros da Capital realizaram um torneio de campeonato de futebol auto-organizado, aparecendo no primeiro jogo vestindo camisetas brancas padrão; rabiscado em tinta de caneta esferográfica azul no peito esquerdo havia três letras "PCC", referindo-se ao "Primeiro Comando da Capital", ou "Primeiro Comando Capital". Depois do torneio, o "PCC" assassinou os criminosos mais temidos do presídio de Taubaté, conquistando o respeito e a lealdade de seus companheiros de prisão e se firmando como os novos chefes penitenciários.
Em 1993, as prisões brasileiras ainda estavam se recuperando do que havia sido até então o maior surto de violência nas prisões. "Menos de um ano antes, 111 presidiários foram mortos a tiros pela polícia em uma operação para conter uma rebelião no presídio do Carandiru, em São Paulo". A tragédia começou como uma briga banal entre duas gangues rivais pela posse de algumas caixas de cigarros. Em 1993, ao assumir a posição dominante dentro da hierarquia da gangue carcerária, o "PCC" adotou o discurso da unidade, argumentando que na carnificina do ano anterior os próprios prisioneiros eram culpados por serem fratricidas e não governados por uma organização forte o suficiente para manter o paz entre eles e representá-los dentro e fora das prisões. Foi redigido um estatuto para os presidiários e os criminosos se comprometeram com o lema: "Irmão não mata irmão. O irmão não explora o irmão. Os fundadores são os líderes".
Bombeiros combatendo incêndio em um dos 90 ônibus destruídos em uma
série de ataques coordenados pelo PCC em São Paulo em maio de 2006
A base operacional do "PCC" foi baseada em dois pilares. Internamente, os internos do "PCC" se submeteriam a uma nova regra, comportando-se de maneira mais coordenada, porém menos conflituosa, protegendo os seus, mas ainda assim liquidando seus rivais. Externamente, o "PCC" prestaria assistência jurídica unificada, amparada pelas contribuições mensais de cada um dos presos, que deviam efetuar pagamentos à organização por meio de seus familiares. Inspirado e "organizando-se junto com o modelo sindical", o "PCC" atraiu um número cada vez maior de associados. E sua mensagem modernizadora, que transcendeu a mensagem de uma gangue convencional, foi exportada para várias outras prisões por membros transferidos do "PCC". Em 1995, o "PCC" conquistaria o controle da "penitenciária do Carandiru", que era na época o maior presídio da América Latina.
Em 1999, um assaltante de banco chamado "Marcos Williams Herbas Camacho", conhecido pelo apelido de "Marcola", ingressou na liderança do "PCC". De ascendência boliviana, "Marcola", considerado um gênio entre os criminosos, impôs uma nova dimensão ao modelo de negócios da organização. Naquela época, o "PCC" não apenas dominava mais de duas dezenas de prisões, mas também controlava milhares de membros livres nas ruas. O líder emergente do "PCC" entendeu que os membros gerais eram um bem precioso para a organização, útil para aumentar a receita, a influência e o poder. Sob a gestão de "Marcola", o "PCC" começou a se consolidar como o que "Max Manwaring" chamou de "gangue de segunda geração", organizada tanto para negócios quanto para controle do terreno local. "Marcola" não só ampliou a atuação do "PCC" no tráfico de drogas e assaltos a bancos (este último sua especialidade), mas também levou a organização a adotar uma visão de mercado do crime e conquistar market share por meio da violência, afastando concorrentes.
O "PCC" cresceu na obscuridade graças à negação do governo brasileiro de sua existência 💀. Dentro da estrutura de segurança pública, o "PCC" não foi considerado uma ameaça grave. Foi apenas em 1996 que um deputado do "Estado de São Paulo" se tornou a primeira autoridade brasileira a se referir publicamente à entidade. O "PCC" foi citado pela primeira vez na imprensa brasileira apenas um ano depois, mas ainda ninguém os levou a sério. O "PCC", segundo o governador de "São Paulo", era uma ficção. A estratégia do governo para desmantelar o "PCC" foi negar sua existência e separar seus dirigentes, transferindo-os para prisões em outras cidades e estados.
Policiais se preparam para a invasão de uma unidade de detenção de menores
infratores sob o comando do PCC, em São Paulo. Os adolescentes se rebelaram
sob a coordenação da facção que recruta seus membros desde a juventude.
Essa política de separação falhou. Ao enviar membros "graduados" do "PCC" para outras partes do país, o governo involuntariamente ajudou o "PCC" a expandir seu domínio por todo o Brasil. Esses presidiários transferidos serviam como "embaixadores" da organização onde quer que fossem. Muitos eram dos maiores e mais ricos estados brasileiros e vinham com experiência em inovação organizacional que superava em muito as gangues locais. Eles representavam uma organização capaz de fornecer proteção além dos muros da prisão e das fronteiras do estado de "São Paulo". Para reforçar essa dinâmica, o próprio "PCC" deu início a motins, fazendo com que o estado reagisse com o envio de presos para outros presídios em todo o Brasil.
Políticos envolvidos com o "PCC"... Em 2016, o "Ministro da Justiça" e o "Presidente do Tribunal Superior Eleitoral do Brasil" acreditavam ter encontrado as primeiras evidências de política mimetizando o crime organizado. A investigação indicou que, de um total de 730.000 doações registradas aos candidatos e partidos que disputaram as eleições daquele ano para prefeitos e vereadores, pelo menos 300.000 (41%) eram de pessoas sem recursos financeiros suficientes para fazer tais contribuições.
As primeiras indicações eram de que organizações como o "PCC" estavam por trás desse esquema financeiro. A avaliação revelou que a campanha de ataques abertos do "PCC" durante os anos anteriores de eleições presidenciais foi substituída por uma estratégia de interferência política nos bastidores. O "PCC" passou a investir e eleger candidatos dentro do processo político estabelecido. "Posteriormente, surgiram evidências em várias partes do país de que políticos ligados ao crime organizado realmente venceram suas eleições". Em 2018, oito dos 27 estados brasileiros solicitaram reforços de tropas federais temendo a interferência armada de facções criminosas, a mais poderosa das quais é o "PCC". Mas, naquela época, a ação política do crime organizado no Brasil não se baseava mais na violência explícita. Em vez disso, as organizações criminosas começaram a desempenhar um papel de liderança nas atividades e disputas políticas formais. "Financiam não apenas candidatos que atendem aos seus interesses, mas também aqueles que promovem as campanhas políticas de seus próprios membros". No Estado do "Ceará", uma das principais bases do "PCC" fora de "São Paulo", os órgãos de inteligência do governo local investigaram dez prefeitos e cinquenta vereadores que receberam apoio eleitoral do "PCC".
Tesoureiro de facção diz que diálogo
era mais fácil com governos anteriores
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